quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Retrato poético e satírico de um Portugal às voltas

Um pequeno estrato de uma obra síntese do movimento revolucionário português

FMI ...

“Come on you son of a bitch! Come on baby a ver se me comes! Come on Luís Vaz, 'amanda'-lhe com os decassílabos que os senhores já vão ver o que é meterem-se com uma nação de poetas! E zás, enfio-te o Manuel Alegre no Mário Soares, zás, enfio-te o Ary dos Santos no Álvaro de Cunhal, zás, enfio-te o Zé Fanha no Acácio Barreiros, zás, enfio-te a Natália Correia no Sá Carneiro, zás, enfio-te o Pedro Homem de Melo no Parque Mayer e acabamos todos numa sardinhada ao integralismo Lusitano, a estender o braço, meio Rolão Preto, meio Steve McQueen, ok boss, tudo ok, estamos numa porreira meu, um trip fenomenal, proibido voltar atrás, viva a liberdade, né filho? Pois, o irreversível, pois claro, o irreversívelzinho, pluralismo a dar com um pau, nada será como antes, agora todos se chateiam de outra maneira, né filho? Ora que porra, deixa lá correr uma fila ao menos, malta pá, é assim mesmo, cada um a curtir a sua, podia ser tão porreiro, não é? Preocupações, crises políticas pá? A culpa é dos partidos pá! Esta merda dos partidos é que divide a malta pá, pois pá, é só paleio pá, o pessoal não quer é trabalhar pá! Razão tem o Jaime Neves pá! (Olha deixaste cair as chaves do carro!) Pois pá! (Que é essa orelha de preto que tens no porta-chaves?) É pá, deixa-te disso, não destabilizes pá! Eh, faz favor, mais uma bica e um pastel de nata. Uma porra pá, um autentico desastre o 25 de Abril, esta confusão pá, a malta estava sossegadinha, a bica a 15 tostões, a gasosa a sete e coroa... Tá bem, essa merda da PIDE pá, Tarrafais e o carágo, mas no fim de contas quem é que não colaborava, ah? Quantos bufos é que não havia nesta merda deste país, ah? Quem é que não se calava, quem é que arriscava coiro e cabelo, assim mesmo, o que se chama arriscar, ah? Meia dúzia de líricos, pá, meia dúzia de líricos que acabavam todos a fugir para o estrangeiro, pá, isto é tudo a mesma carneirada! Oh sr. Guarda venha cá, á, venha ver o que isto é, é, o barulho que vai aqui, i, o neto a bater na avó, ó, deu-lhe um pontapé no cu, né filho? Tu vais conversando, conversando, que ao menos agora pode-se falar, ou já não se pode? Ou já começaste a fazer a tua revisãozinha constitucional tamanho familiar, ah? Estás desiludido com as promessas de Abril, né? As conquistas de Abril! Eram só paleio a partir do momento que tas começaram a tirar e tu ficaste quietinho, né filho? E tu fizeste como o avestruz, enfiaste a cabeça na areia, não é nada comigo, não é nada comigo, né? E os da frente que se lixem... E é por isso que a tua solução é não ver, é não ouvir, é não querer ver, é não querer entender nada, precisas de paz de consciência, não andas aqui a brincar, né filho? Precisas de ter razão, precisas de atirar as culpas para cima de alguém e atiras as culpas para os da frente, para os do 25 de Abril, para os do 28 de Setembro, para os do 11 de Março, para os do 25 de Novembro, para os do... que dia é hoje, ah?

FMI Dida didadi dadi dadi da didi”

De José Mário Branco

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Cenários


Vivemos , num lusco-fusco da consciência, nunca certos com o que somos ou com o que supomos ser. No melhor de nós vive a vaidade de qualquer coisa, e há um erro cujo ângulo não sabemos. Somos qualquer coisa que se passa no intervalo de um espectáculo; por vezes, por certas portas, entrevemos o que talvez não seja senão cenários…


À minha amiga "JeaNiNe"

P`sua ausência

Eu não deixarei que morra em mim o desejo de voltar a ver os teus olhos que são doces.
Nem que tenha que viver eternamente exausta.

As recordações são ainda um escape nestes dias que parecem todos iguais

E sinto que ainda em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz alguma da tua voz.
Quero só que um dia surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levantar a cabeça e por segundos respirar
Encostei minha face na face da noite e ouvi o teu sorriso estridente.
E eu trouxe até mim doces recordações dos dias, das noites, dos Verões, na nossa ilha...

Das vezes que passo junto da casa onde moraste,

Imediatamente o tempo volta para trás

E lá está o Galileu deitado no pequeno canto de areia branca, os teus pais a subirem a passadeira depois de mais um cafezito no local do costume, a tia, os primos, e eu à porta com a cabeça debruçada sobre a sala à espera que acabasses mais um paposeco de almoço para mais uma jornada das nossas

O tempo não tinha nome, os dias todos diferentes e vividos um de cada vez

Os muros caiados de branco, a areia quente, a passadeira, o "café do Hugo", os Arcos,...

E sei lá mais o quê...

E hoje cá estou eu,

Ficarei só como os veleiros nos portos silenciosos,
E todas as minhas lamentações
Serão da tua voz presente, da tua voz ausente...

E de quanto em quanto passo pela casa onde moraste...

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Aquilo que nos torna melhores

A vida é nos atribuida de forma estranha...
O primeiro grito é um susto,
mas logo um sorriso toma conta do nosso corpo
inocência, perfeição...
e o nosso coração deixa de ser um
agora respiro por dois,
Sinto por dois
vivo por dois
um beijo agora tem outro significado
Apenas te amo filha